sexta-feira, 30 de maio de 2008

Mais perdido que cego em tiroteio...




A última vez em que atualizei esse blog foi no dia 30 de abril. Fiuuuu. Faz tempo, hein? Em tempos de internet, de rapidez da informação, eu, o colunista mais lido do jornal Expresso Ilustrado, estou ficando para trás e, consequentemente, perdendo audiência. Mas, enfim, como criei esse blog com o propósito de falar da política, percebo que durante o tempo em que estive afastado da World Wide Web as coisas não mudaram tanto assim. O único fato novo foi a homologação de Júlio César Prates como pré-candidato a prefeito pelo PT. E mais. Soube que sua vitória dentro do partido foi esmagadora sobre o grupo que era contra a candidura própria. O nome de Prates surge como uma novidade no meio político e um alento para a oposição que vê emergir um novo líder. Aliás, é examente disso que a Oposição está precisando. De alguém que tenha a coragem de falar sobre coisas que nunca foram ditas e ser um fator diferencial. A cada eleição, o PMDB, PSDB, PDT e os demais partidos apresentam sempre as mesmas alternativas. Quando não é Vulmar, é Accácio e quando não é Accácio, é Vulmar. Em meio a isso, há brechas em que surgem nomes como Mauro Burmann e Paulo Rosado, incapazes de representar um sentimento popular de renovação e muito mais vinculados a um segmento abastado de nossa cidade. Ambos são, com as devidas proporções, elite. São engravatados da política. Políticos de gabinete, os quais desconhecem a plena realidade do fundo da vila Itu, da Guabiroba, da São Jorge e tantos outros bairros. São políticos que só orbitam no centro da cidade e trabalham no bem-bom do ar condicionado, desconhecendo as mazelas de se acordar cedo para entregar leite, cortar lenha, lavar roupas, fazer concreto, tomar uma cachaça. Júlio Prates, não há dúvida, é o mais identificado a essa realidade popular e comum, até mesmo, em função de sua origem pobre. E que, se hoje é um respeitado profissional da imprensa, é porque ascendeu por méritos próprios, não por herança familiar, porque tenha acertado na Mega Sena ou porque plante soja e crie gado.
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Uma das charges do jornal Expresso Ilustrado desta sexta-feira retrata o presidente do PMDB, Oilton Bettin, como um ceguinho em meio a um tiroteio, onde as demais siglas santiaguenses passam raspando e, rapidamente, buscam um rumo. E o PMDB ali, sem saber para qual lado ir. É triste perceber que um partido de tamanha envergadura não tenha se encontrado, às vésperas de se iniciar o pleito. Errou o PMDB em se firmar somente no nome de Accácio, desconsiderando outros quadros de sua legenda, como o próprio vereador Diniz Cogo, que cansou de bradar aos sete ventos que aceitaria ser o candidato a prefeito. A coragem de Cogo é de considerar e de louvar e, não, articular contra o seu nome. Vejamos algumas conquistas de Diniz Cogo. Depois de mais de 10 anos, ele foi o primeiro presidente do Legislativo do PMDB a "entrar pela porta da frente". Ou seja, sem acordos políticos com o adversário, como fez Sandro Palma e Jorge Damian. Coincidentemente, ambos que traíram os aliados. Sandro aliou-se com o PP para chegar a presidência, mas não renunciou e a consequência foi a rearticulação política, através de Marcos Fiorin Flores, que resultou numa aliança com o PMDB, através de Diniz, que chegou a presidência em 2007. Já Damian, aliado com a oposição, traiu os companheiros e aliou-se com o PP. Mas isso é história.
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Cogo, depois de conquistar a presidência da Câmara, conseguiu a vitória de articular e materializar o Corede Vale do Jaguari. E é o atual presidente dessa instituição. Portanto, seria um nome de respeito dentro de seu partido. Não é o que consideram os seus companheiros, os quais desconsideram o seu nome, preferindo aliar-se em cima de Accácio. Por sua vez, o nobre médico queria unanimidade dentro de seu partido para ser o candidato. Depois, pediu unamidade na oposição, dinheiro e uma massagem nas costas. Queria a cama pronta para deitar, enquanto alguém lhe lavasse os pés. Accácio agiu com a máxima soberba política e, mesmo assim, foi bajulado. Que interessa, a um partido, como vão agir os demais? Se vão coligar ou se não vão? Cada qual precisa buscar o seu próprio rumo e defender as suas convicções, sem se importar se outros o seguiram. Accácio queria isso e muito mais. E, creio, se tivesse suas considerações atendidas, certamente teria ainda outras exigências. Imagine se ele conseguisse chegar a prefeito, que tipo de governo ele faria? Aguentaria a pressão? Ou seria o mesmo político ingênuo de dar dó e desarticulado de doer?
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Accácio, é sábido, se queixa que o Expresso fez uma charge dele, baseada numa declaração sua de que estaria sem "tesão político". Imagine se o presidente Lula largasse uma pérola dessas, que tipo de considerações os chargistas de todo o país não fariam? Mas a origem do desdém de Accácio ao Expresso não é por isso. É porque o jornal ousou publicar uma reportagem, em 1999, revelando que ele tinha sido condenado por negligência médica, responsabilizado por dois óbitos infantis. É por isso que ele não gosta do jornal: por ter revelado um erro seu e uma condenação. Agindo assim, Accácio revela o tipo de líder que é. Serve, quando enaltecem suas qualidades e deixa de servir quando revela seus erros. E ele age assim com o PMDB e com a oposição. Me admira que o partido tenha se articulado em torno de seu nome- e apenas de seu nome. Me admira que a juventude do partido tenha apoiado um político jurássico, que ainda não compreendeu que o mundo entrou em outro milênio. Ora, Accácio propor que seja criado um projeto chamado "Sala de Leitura", onde os alunos leiam e reflitam sobre obras literárias, é porque há muitas décadas ele não entra numa sala de aula. É porque ele desconhece a geração internet, que não quer nada com nada, e cujos professores tem a maior dificuldade para conseguir tratar o conteúdo proposto, quanto mais uma atividade literária. Accácio desconhece, infantilmente, que a deseducação e desinteresse são crescentes nas salas de aula e seu projeto é pueril a ponto de não considerar esses aspectos.

O PMDB, assim como qualquer outro partido, só vai crescer e ganhar abrangência quando parar de considerar só o pessoal da antiga e saber valorizar nomes mais jovens e muito mais preparados para uma briga política. Há aí, Diniz Cogo, Renato Cadó, Rodrigo Vontobel e outros. Mas, ao que parece, não servem para a turminha que monitora blogs e críticas de jornais, promovendo caça a bruxas. Para a turminha que não reconhece suas próprias falhas e trata de apontar fatores externos como culpados pela falta de liderança e incompetência.
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Ao passo que está, diria que o PMDB já perdeu a oportunidade de lançar um nome, afinal, Sandro Palma vem aí. Vulmar Leite também. O mais lógico seria uma união com o PT e, quem sabe, com o PT encabeçando a chapa. Afinal, já definiu um cavalo para a corrida, enquanto o PMDB só escorrega de meias.
De que adianta criar discursos enaltecendo a "mudança", se na própria concepção de candidatos ou de legendas, a oposição tira do bolso os mesmos e velhos "papéis dobrados"? E, afinal, será que alguém da oposição já percebeu que o PP já desarmou-lhe desse discurso nas propagandas da prefeitura (A Administração que promove mudanças)?
Resultaria, em minha concepção, que o PT encabeçasse o pleito e o PMDB humildemente o acompanhasse. Até como mérito à articulação petista, que há vários anos só atua como coadjuvante. E até porque Lula e Olívio obtiveram mais de 13 mil votos na última eleição e o Bolsa-Família beneficia mais de 3 mil famílias santiaguenses.
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No PDT, a situação é ainda mais complicada. Depois que Leonel Brizola morreu, o PDT caminha para o mesmo rumo. É um partido que não se renova e que sequer tem alternativas para encabeçar um chapa para prefeito. Temos aí Paulo Rosado, que perdeu em 1996. Temos aí, Mauro Burmann, que levou um laçaço histórico em 2004. E temos Nelson Abreu, que sabe-se, não deixará o certo, de eleger-se vereador, pelo duvidoso, de aventurar-se a perder seu ganha-pão político. O PDT não tem nomes e a cada ano perde filiados, pois estes ora se afastam, ora falecem. Há um adesivo do partido que diz que Brizola não morreu, como forma de dizer que seus ideais são eternos e seguem além-túmulo. Não é o que parece. A sigla se tornou um cão de guarda, um cachorro de cego e só serve como acompanhante para Vulmar Leite.
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Vulmar Leite, por sua vez, e como bem colocou o jornalista Julio Prates está tumultuando o pleito. É certo que ele é um grande nome e tem potencial, mas como profetizou o jornalista em seu blog, ele esfacelou com a oposição. O PMDB não o aceita, o PT não o quer. Com Vulmar Leite no pleito, não há um consenso entre os partidos oposicionistas, até porque ninguém confia em sua postura como líder político. Eleito prefeito, largou o PMDB às favas, criando o PSDB. Na eleição seguinte, adulou o PDT para concorrer e deu um cotovelaço no PMDB e no PT, indicando Ari Lima, dissidente como ele e filiado do PSDB, para ser o vice. Seus antigos aliados ficaram lá, na rabeira. Vulmar tentou ser o novo "Valdir Amaral Pinto" da oposição. Mas descobriu que o sonho não se concretizaria sem seus antigos companheiros, cujos votos fizeram falta na eleição de Rosado e consagraram Toninho. E foi assim que o PP retomou a prefeitura. E depois de 12 anos, agora em 2008, é que surge a oportunidade de a oposição chegar lá novamente. Até mesmo porque Júlio Ruivo não é Chicão, que tem carisma e discurso eloquente. Ruivo sequer é Toninho, bonachão e simplório. O discurso de Ruivo é fraco e não empolga. Ruivo é um nome forte, não há dúvida. Mas o seu discurso é de dar dó. Por mais fama que tenha, não se pode deitar na cama e dormir, dormir, talvez sonhar. E é, sabendo disso, que a oposição corre atrás de um nome que, afinal, consiga ter discurso e carisma para chegar à prefeitura. Ainda que o PP tenha um máquina comparada a um carro potente e a oposição ande de carroça. Mas o problema maior não é que a oposição seja burra. O problema é que ainda são os burros que estão puxando os arreios...

2 comentários:

Anônimo disse...

O PMDB precisa indicar o vice de Júlio Prates e ir para o abraço.

JÚLIO GARCIA disse...

Creio que esta notícia é mais interessante - e nova! Deu no blog 'O Boqueirão'

19/06/2008

Eleições 2008 - Santiago/RS


PT concorrerá com chapa própria

Agora é definitivo: o Partido dos Trabalhadores de Santiago decidiu, na noite de hoje, durante concorrida reunião do Diretório Municipal, que o partido vai concorrer com chapa própria em todos os níveis nas próximas eleições. O jornalista, sociólogo e bacharel em Direito Júlio Prates será o candidato à prefeito e a estudante e funcionária pública Vívian Dias será a candidata à vice (foto acima). O resultado da votação no DM do PT deu-se por 13 votos a favor da candidatura própria contra 1 e uma abstenção.
Agora, a decisão democrática e soberana do PT santiaguense, juntamente com a definição dos candidatos à vereança, será homologada em Convenção que será realizada até o final deste mês de junho, segundo determina a Lei Eleitoral.


(Foto: Anderson Taborda, do Jornal Expresso Ilustrado)

*Autorizamos publicar, desde que citada a fonte.


Escrito por missioneiro às 21h24