quarta-feira, 9 de abril de 2008

O caminho inverso


O caso do prefeito Ademar Frescura, do PP, é digno de ser estudado para entrar nos anais da política brasileira. Afinal, talvez seja o primeiro prefeito que diz ter sanado as dívidas da prefeitura, colocando o município numa situação privilegiada e, em seguida, renuncia ao mandato. "Saio de cabeça erguida", ele diz. De cabeça erguida, mas abrindo mão de disputar a reeleição como o administrador vitorioso que ele diz ser, para tentar uma vaga na Câmara, a mesma em que ele teve um mandato na legislatura anterior. Ademar parece fugir do debate. Se concorresse a prefeito, poderia ser sabatinado com perguntas que não saberia como responder, como o caso das bananas a R$ 12 pilas o quilo. E não há muitas saídas: ou se admite ignorância ou se aponta culpados.

Porta dos fundos
É, sim, o prefeito é um homem de caráter e não tem nada que desabone a sua conduta política. A não ser que foi eleito por quatro anos, mas deixará de cumprir nove meses. Mesmo assim a administração carregará sua marca até o final. Mas Ademar preferiu concorrer a vereador. Para ele, os dias de vidraça foram cansativos e, por isso, ele prefere ser pedra. Mas, não se pode negar que, ao presentear o seu vice-prefeito com o cargo máximo do município, ele pareça estar repartindo o poder. Ainda mais, quando se sabe que Ernani Cruz é candidato anunciado à prefeitura. Para ambos, chegou o momento de abdicar de uma atividade. Um, do cargo de prefeito. O outro, de atender as pessoas de graça, como fazia até há poucos dias, honrando o seu juramento de Hipócrates, ainda que às vésperas de mais uma campanha.
Se Ademar anunciasse uma "aposentadoria política" de não concorrer mais a nada e saísse da vida pública poderia dizer que saiu da prefeitura para entrar na história. Mas fazer isso, por determinações e acordos partidários, é como sair da prefeitura pela porta das fundos. Ainda que de cabeça erguida.

Um comentário:

Anônimo disse...

ESSE PREFEITO É UM BANANA.