quinta-feira, 26 de junho de 2008

Amor e ódio

Fotomontagem
Que a oposição era considerada burra, muitos suspeitavam. Agora, no entanto, existe a certeza disso. E não é que os diversos partidos correm que nem baratas tontas como que alucinadas por algum Detefon? Na última semana, esse Detefon se chamou Vulmar Leite. Antigo algoz de peemedebistas históricos como Valério Martins da Rosa, que deve ter pensado em trocar o nome para Valéria ou, nem que fosse, raspar o bigode. Afinal, ele foi um dos tantos que bateu na mesa e afirmou que o seu PMDB do coração jamais se coligaria com Vulmar Leite. (Pausa no texto- Volta no tempo....)


- Em 1992, o PMDB conquista a prefeitura de Santiago com uma diferença de mais de 3 mil votos sobre o adversário, o PDS. O prefeito? Um tal de Vulmar da Silveira Leite, tendo como vice o advogado Paulo Rosado, do PDT. Era a primeira vez que a oposição chegava, em décadas, ao poder. No entanto, logo na largada, Vulmar chutou o PT, que ajudou a elegê-lo em em pouco tempo brigou com membros históricos do PMDB, como Arizoli Gindri e Valério da Rosa. Em seguida, largou o PMDB às favas e criou o PSDB. Em 1996, Vulmar deu mais uma cotovelada no antigo partido, ao colocar como vice na chapa de Paulo Rosado, o inexpressivo (políticamente) Ari Lima para disputar o cargo de vice-prefeito, demonstrando desconsideração com diversas lideranças de seu antigo partido. Esfacelando a oposição pela segunda vez em poucos anos, o resultado só poderia ter sido a derrota para o PP, que retomou a prefeitura. Líderes do PMDB como Valério da Rosa prometeram nunca mais apoiar Vulmar nem para concorrer a presidente da Vila.


Hoje. 2008. Nesta quarta-feira, 25 de junho, foi anunciada a chapa PSDB/PMDB. O partido de Antônio Valério surge, após 12 anos, como coadjuvante de seu antigo filiado, alçado por meia dúzia de articuladores como "o maior líder da oposição". E Renato Cadó, que fora seu secretário de Agricultura, é o candidato a vice-prefeito. Para muitos, nenhuma novidade no front, afinal, era o que se tratava pelos bastidores políticos há meses. Desde que o PMDB, o PSDB e o PDT começaram a se reunir ainda em 2007 para decidir sobre o destino de Santiago. Já ali, na concepção das reuniões, Cadó era o "cara". Vulmar, era o "líder". Em tais reuniões não havia espaço para Sandro Palma, do PTB, pré-candidato declarado.
Nem para o PT que, em 1992, serviu como trampolim eleitoreiro, como mandalete político, mas que agora, já não era mais bobo de cair nas graças oposicionistas, um tanto oportunistas. O PT, agia como a mocinha que perdeu a virgindade para o garanhão que só queria lhe arrancar as calcinhas, com a promessa de namoro, mas que depois de ter conseguido o que queria, afastou-se dela. E, assim, a sigla de Lula olhava a aproximação da oposição com Vulmar Leite: com desconfiança. Afinal, ele já tinha lhe arrancado a calcinha uma vez. E o PT não queria mais uma vez perder a dignidade e não arrumar um marido. Sabe como é, cidade pequena, as siglas solteiras ficam faladas.


E foi assim que surgiu a candidatura de Julio Prates. E foi assim que o PT demonstrou força, personalidade e logo deixou de ser interessante no jogo de interesses. Nunca a oposição esteve tão desbaratada. Nunca, tantos candidatos a prefeito e vice surgiram e tantas equações esdrúxulas:


Vulmar e Cadó. Vulmar e Diniz Cogo. Vulmar e Burmann. Vulmar e Alexandre Bochi. Vulmar e Ayda Bochi. Vulmar e Accácio. Vulmar e Nequinho. Vulmar e Sandro Palma.


Engraçado que, de tantas equações, Vulmar sempre estivesse nos holofotes. E engraçado que ele próprio demorou a admitir-se candidato. Inegável, sem dúvida, o preparo político de Vulmar. Ele é "o líder". Tanto que conseguiu desbaratar a oposição e, tal qual prega Sun Tzu, enfraqueceu um a um dos nomes que foram surgindo com possibilidade de lhe fazer sombra, ganhando ele cada vez mais força. Mas faltava, claro, que o PMDB esquecesse as mágoas de antigamente. Assim, o que não se consegue no diálogo, se consegue muitas vezes com um jogo de cena. Afinal, uma imagem vale mais do que mil palavras. E, assim, Vulmar teatralizou: disse que estava saindo fora. Foi aí que caiu a ficha da oposição. Se o seu maior líder, o iluminado, abandonava a candidatura, como ficariam as demais forças oposicionistas, que durante meses, conviveu como mariposas em torno da luz de Vulmar Leite? "Volte, Vulmar. Tu é o cara", admitiu-se, enfim.
Oilton Bettin, presidente do PMDB, que há poucos meses também fez jogo de cena enchendo a boca para dizer que o PMDB iria disputar sozinho se fosse o caso, foi um dos que se rendeu a magnitude de Vulmar Leite e admitindo a forma pouco ousada (para não dizer outras coisas...) com que conduziu o seu partido, rendeu-se, enfim. E anunciou: Cadó será o seu vice. Ao anunciar coligação com Vulmar, o presidente do PMDB desrespeita o que pensam os peemedebistas históricos. Ao anunciar Cadó, suplente de vereador para vice, Oilton desrespeita nomes como Diniz Cogo, vereador eleito, ex-presidente da Câmara e presidente do Corede.


E, assim, brilha mais uma vez o nome de Vulmar Leite entre a oposição. Não há dúvidas que ele é o cara. Não há dúvidas de sua integridade e de sua capacidade.


Só que agora não há dúvidas também de que a oposição é incapaz de viver sem ele. A oposição odeia Vulmar como uma mulher odeia o marido que lhe pôs guampas, mas não consegue viver sem ele. E se arrasta aos seus pés quando ele anuncia que vai embora. Com Vulmar Leite puxando votos para o PSDB, é certo que o partido pode eleger dois vereadores. O PP, com a chapa Ruivo e Toninho, não há dúvida, elege cinco vereadores certo, com a possibilidade fortíssima de eleger seis. Aí, restariam duas vagas somente. Arrisco dizer: uma do PT, que terá candidatura própria. E outra, para o PMDB. O grande PMDB, que não é de duvidar esteja incapaz de alcançar seis mil votos neste eleição em que figurará como coadjuvante. Mas que periga ter uma única cadeira na Câmara a lhe preservar o que resta de dignidade.


A essa altura, Valério da Rosa, líder histórico do PMDB, é bem possível que esteja sentindo coceiras em seu bigode e em sua honra. Se tivésse apostado o seu bigode de que a sua sigla jamais seria vice de Vulmar, é certo que a essa altura, já estaria passando a Gilette. No entanto, essa união tardia das oposições poderá render ainda algo pior para Antônio Valério: ver Sandro Palma, antigo aliado - agora algoz- do PMDB, consagrar-se como a nova liderança da oposição.
Distante dos desbaratamentos- e seguindo firme- Palma pode colher milhares de votos em sua candidatura a prefeito mesmo contando só com o singelo apoio do PPS. Com isso, ele periga tornar-se um novo iluminado, alguém para a oposição amar e odiar. Exatamente como fazem com Vulmar Leite.

5 comentários:

Anônimo disse...

PERDERAM A VERGONHA.

Anônimo disse...

O Valério perdeu a vergonha de dez. Ele devia transferir seu título para Itacurubi, parabéns sue Araponga, o senhore é o máximo.

Anônimo disse...

Prezado Araponga,

No cotidiano do nosso trabalho na imprensa, adquirimos um modo peculiar de escrever, que se torna uma marca. Eu tenho a minha, você tem a sua forma própria de passar ao público sua opinião, seu pensamento. Que é facilmente identificada. Por isso, estranhei quando li seu texto de hoje. Você perdeu a identidade. Está reproduzindo, integralmente, o discurso de outro colega. O Araponga de hoje está mais para Araprates. Nada contra. Cada um
sabe onde lhe apertam os calos...

Um abraço,
Nivia Andres

Anônimo disse...

intressante texto, araponga,mas mais interessante é ver a namoradinha de vulmar na defesa.
muito legal.

Ximenes Filho disse...

Tá certo que o Araponga até tenha uma inclanadinha pró-prates, afinal quem não tem em Santiago, sendo inteligente? Agora, confundir o texto de um com o de outro, só o desespero. É curioso que bastaram 2 entrevistas e a todos estão se jogando na candidatura Prates. Imagine quando ele falar todos os dias no rádio. Prates será o Prefeito de Santiago com toda a certeza.