quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Quem se reelege?


E parece que agora vai. Extraoficialmente, é depois do Carnaval que o ano começa. E, claro, 2008 é o ano das eleições municipais. Enquanto PP e partidos de oposição discutem seus possíveis candidatos e estratégias para a campanha majoritária (para quem não sabe, prefeito e vice), iniciam também as indagações sobre os possíveis candidatos ao cargo de vereador. Na última eleição, apenas se reelegeram Sandro Palma, Diniz Cogo, Nara Belmonte e Nelson Abreu. Os outros eram todos novatos. Da mesma forma, acredita-se que, para esse 2008, renovação será a palavra de ordem (apesar de que os atuais ocupantes dos cargos acreditem o contrário. Pudera). Enfim, mas quais seriam as possibilidades de cada um dos dez vereadores se reelegerem? Eis as minhas previsões, analisando o desempenho e a situação de cada um deles. (Por ordem alfabética)


Accácio Oliveira- PMDB- Se formos considerar o desempenho político do veterano médico e líder peemedebista, é bem verdade que já não tem o fôlego de mandatos anteriores. O discurso de Accácio soa ingênuo e ultrapassado, assim como a sua atuação legislativa. Apresentou poucos projetos, mas nada que obtivesse êxito. Em algumas sessões, parece incorporar o velho estilo do ex-vereador Luis Manoel, de quase cochilar. De qualquer forma, ele ainda é o termômetro político da Câmara, porta-voz da ética e dos bons costumes, algo que a política muito necessita. Quando Accácio resolve levantar alguma bandeira ou se posicionar contra a votação de algum projeto, o faz por questões de consciência ou, como tanto justifica, para "não violentar sua consciência". O nome de Accácio é cogitado para concorrer a prefeito pelo PMDB e pode ser o grande nome da oposição. Ele tem dito que não pretende concorrer a vereador, mas caso volte atrás, teria chances por possuir votos cativos. Basta lembrar que ele surpreendeu na última eleição, tendo feito uma campanha discreta e, mesmo assim, figurou como o terceiro mais votado.


Cláudio Cardoso- PP- Igual ao anterior, poucos foram os projetos apresentados pelo vereador progressista e líder evangélico. Da mesma forma, o discurso de Cardoso acaba sendo enjoativo. Decepcionou o segmento dos funcionários municipais por ter, diversas vezes, adotado uma postura da defesa patronal, ou seja, do prefeito. Por ter obtido grande parcela dos votos do funcionalismo, esperava-se que Cláudio Cardoso tivesse uma atuação mais voltada para eles, o que acabou não acontecendo. Porém, estreitou os laços com os evangélicos e, em função disso, pode somar uma boa quantidade de votos. Mas é certo que sua votação diminuirá. Mas, para se reeleger, terá de correr atrás dos votos que, teóricamente, perdeu no funcionalismo municipal.


Diniz Cogo- PMDB- Nunca um presidente da Câmara soube usar com tamanha maestria a máquina legislativa. Durante o seu mandato, em 2007, Diniz soube se manter na mídia de maneira elegante. Mesmo com a desculpa de gerenciar a Câmara, foi o vereador que mais apresentou projetos, promoveu a obra de ampliação, criou os novos setores (contabilidade etc), promoveu um concurso público e, de quebra, acabou sendo o principal articulador para a criação do Corede Vale do Jaguari. Desta forma, é certo que o prestígio político de Diniz Cogo aumentou. O fato dele ter saído de seu programa de bandinhas, na Verdes Pampas, pode influenciar e Diniz perder um pouco o seu público. Outros pontos negativos do vereador peemedebista resultam de seu temperamento explosivo e por assumir a condição de opositor ferrenho, na tribuna, do tipo "nada-do-que-o-prefeito-faz-tá-bom" (lembre-se que Chicão tem um prestígio que vale 20 mil votos). Mas, teóricamente, estaria entre os reeleitos, com a possibilidade de ampliar a sua votação.


Franquilim Pereira do Amaral- PP- Vereador do PP, ex-secretário municipal da fazenda, arrisco dizer que o vereador Franquilim deverá deixar a sua vaga para algum outro companheiro. Teve uma atuação legislativa fraca e discursos idem. Apesar de ser um homem honrado e ético, acabou não obtendo destaque por sua atuação legislativa. As únicas vezes em que gerou alguma notícia, foi quando abdicou de seu cargo na Mesa Diretora e depois concorreu a função de presidente, perdendo. Franquilim se elegeu com os votos do interior, especialmente de sua região, em Tupantuba. Porém, muito pouco dedicou-se a retribuir o apoio recebido. A não ser uma que outra sessão proposta para o interior, Franquilim acabou deixando seus eleitores na mão, já que esperavam mais dele. Outro fator é a sua ligação intrínseca com os fazendeiros e ruralistas, o que afugenta também o voto do homem simples do campo. Claro que Franquilim tem dinheiro e isso poderá ser o diferencial na hora da campanha. Porém, é certo que sua votação tende a diminuir em função do pouco resultado que apresentou como vereador. E, diminuindo, poderá ficar na "zona de corte" dos candidatos assim, como foi dito anteriormente, deixaria a vaga para outro colega. Teóricamente Franquilim não se reelegeria.

Marcos Roberto Fiorin Flores- (Ou Quinho)- PPS- O caso de Quinho é o mais interessante. Após ter presidido a Câmara de Vereadores, contra a vontade de seu partido anterior, o PP, Quinho resolveu dar o seu grito de indendência. Desfiliou-se do partido que o elegeu e criou a bancada do PPS, ignorando as propostas do PMDB e do PSDB. Sabe-se lá por que cargas d'água ele fez isso, afinal, para Quinho reeleger-se pelo PPS será uma missão impossível. O partido não possui expressividade, história e nem filiados no município. Certamente não terá uma nominata de puxadores de voto, com excessão do próprio Quinho que, para piorar, está com sua base de apoio esfacelada. Antigos companheiros, como Rodrigo Vontobel, se foram para outros partidos. E apoiadores financeiros, como Júlio Forster de Lima, sequer querem conversa com o vereador, alegando que ele não soube valorizar o apoio recebido durante a campanha. Como precisaria de um quociente de votos acima de 2.400 para eleger um vereador, o PPS corre o risco de perder a bancada a partir de 2009. Teóricamente Kinho não se reelegeria.


Miguel Bianchini- PP- Certamente não há nenhum outro vereador em situação mais cômoda do que o bombeiro-de-ferro para disputar a reeleição. Durante três anos, teve uma atuação de opositor dentro da Câmara, tornando-se a "pedra no sapato" dos ocupantes da presidência. Por conta disso, Bianchini foi amado e odiado pelos leitores e eleitores. Mas, levando em conta aquele dito "falem mal, mas falem de mim", Bianchini soube ter jogo de cintura. Ora atacava, ora era atacado. E poucas foram as vezes em que não se saiu bem. Esteve metido em todos os movimentos sociais, criou vínculo com associações de bairros, igrejas etc. Foi autor de diversos projetos importantes, principalmente ligados à questão ambiental e foi o principal defensor do prefeito Chicão na Câmara. Além disso, é incontestávelmente ético, íntegro e honesto. Mas, por conta de sua inflexibilidade política não foram poucas as vezes em que protagonizou brigas até com os próprios colegas de bancada. Mas e quem disse que o povo não gosta de uma briga? A postura de brigão, nesse caso, ajudou Bianchini a se projetar popularmente e, mais do que certo que a sua reeleição, é o aumento no número de votos. Bianchini periga ser o mais votado da próxima legislatura. E aí, meu amigo, todo mundo vai ter que lhe engolir.


Nara Belmonte- PP- O único momento nesta legistura, em que o nome de Nara Belmonte esteve em evidência, não foi por conta de sua atuação política e, sim, devido a contratempos em sua vida pessoal, onde recebeu apoio de amigos e estreitou laços. Apesar disso, soube aproveitar a sua condição de representante feminina na Câmara e sempre foi lembrada por sua atuação. A vantagem que Nara tem são os seus discursos, quase sempre em defesa da classe dos professores. É uma pessoa simpática e de muitos amigos. Mas, é certo que a sua atuação na composição 2005-2008, deixou a desejar. Poucos projetos apresentados e nenhum de reelevância. Nara figurou mais como defensora do Governo Chicão, nesse caso, com desenvoltura. Apesar de ter renunciado à Mesa Diretora, em 2007, teve bom relacionamento com todos os gestores do Poder Legislativo até então. Na eleição anterior, ela tinha a máquina da secretaria da Saúde na mão, por conta de sua união com Júlio Ruivo. Desfeita a parceira, encontra dificuldades em prosseguir no popular jogo de "te-ajudo-e-tu-me-ajuda-depois". A sua reeleição dependerá dos candidatos potenciais que o PP apresentar. É claro que a condição de mulher na política e professora, poderá render o quarto mandato a Nara Belmonte, mas acredito que sua situação tende a ser instável. Nesse caso, a reeleição de Nara torna-se uma incógnita.


Nelson Abreu- PDT- E chegamos ao atual presidente do Poder Legislativo, o vereador do PDT, Nelson Abreu que não cansa de dizer que esperou 19 anos para presidir a Câmara e que todo mundo elogia o seu trabalho e blá, blá, blá. Depois de Sandro Palma, Abreu é o segundo presidente a garantir para si a antipatia dos colegas. Basta lembrar que o PP se retirou da sessão em que Abreu foi eleito. Nos bastidores, o que se diz é que Nelson Abreu é demagogo, joga pelas costas e é egocêntrico. Em público, sua postura de dizer que não retira diárias e que só viaja às custas próprias é odiada pelos vereadores. Uma, porque dizem que as viagens a que ele se refere são particulares, portanto, não poderiam mesmo ser custeadas pela Câmara. Outra, que não viaja pela câmara porque é muito ligado à família, leia-se "mandado pela mulher". Outra, que apesar de não retirar diárias, seria o vereador que mais gasta com o telefone de sua bancada e que, individualmente, gastaria mais do que a bancada do PP que possui quatro vereadores (como se pode ver no quase sempre desatualizado site da Câmara). Maldades e falatórios à parte, Abreu tem se mantido na Câmara há cinco mandatos. E, do terceiro para cá, não conta com a super-exposição que a Rádio Santiago lhe proporcionou, já que está afastado da emissora há mais de uma década. No entanto, é pelo seu trabalho como locutor na radio de Jaime Pinto que Abreu alcançou a popularidade. Nas últimas duas eleições, porém, Abreu só entrou por causa da coligação com o PSDB. Como a regra não vale mais, é certo que o PDT irá suar para eleger um vereador e alcançar o quociente de votos. Há de se considerar ainda que uns e outros tem dito que Abreu poderia ser candidato a vice ou mesmo a prefeito, o que emocionou e encheu de lágrimas seus olhos trabalhistas (e narcísicos). Não se sabe se é por acreditar, de fato, nas suas possibilidades ou se seria uma forma de tirá-lo do páreo, já que o PDT só teria de condições de eleger um vereador. E se eleger, seria Nelson Abreu. Novamente falando das coligações, o fato delas estarem proibidas, dificulta e muito o retorno de Abreu em 2009. Teóricamente não se reelege.
Renato Cadó- PMDB- O ex-presidente do PMDB era suplente e conseguiu desempenhar mandato no legislativo durante dois anos, atuando na vaga do licenciado Sandro Palma e deu adeus ao cargo com o retorno de Palma. Cadó pode surgir como um dos principais nomes do PMDB, mas não por conta de sua atuação legislativa pois, afinal, muitos nem sabem que Cadó foi vereador. Teve uma atuação discreta, porém, longe de polêmicas de toda ordem. Seu discurso, porém, era dos melhorzinhos entre os vereadores, sempre ponderado e com categoria. Por conta de sua postura, Cadó foi alçado à condição de articulador das reuniões do frentão, que integrava os partidos políticos de oposição, obtendo o aval de líderes como Vulmar Leite, Mauro Burmann, Accácio Oliveira e outros. O trabalho de Renato Cadó como técnico da Emater lhe permite um contato direto com a população do interior, é o que lhe rende um trunfo. Somando isso à breve exposição que obteve exercendo a vereança, teóricamente Cadó poderá obter a titularidade na Câmara em 2008.


Sérgio Prates- PSDB- Dizem que o representante dos aposentados, como se apresenta o vereador Prates, deve a sua eleição em 2004 a um fator climatológico: a falta de chuva. Como no dia da eleição não houve precipitações, seus principais eleitores puderam sair de casa e votar com tranquilidade. Se tivesse chovido, muitos poderiam ter optado por deixar para outra vez, já que o voto acima de 65 anos é facultativo. Se isso influenciou a eleição de Prates não se sabe. Mas é certo de que o PSDB, assim como o PPS, o PTB e o PDT, pode ter problemas em atingir o quociente de votos, em menor grau, é verdade. A não ser que se torne cabeça de chapa na eleição ou lance candidatos potenciais. Nesse caso, bastaria convencer alguns figurões do PSDB, como Vulmar Leite, entre outros, a concorrer ao Legislativo. É certo que o PSDB elege vereador, não se sabe quem. Se Vulmar concorrer, se torna uma pedra no sapato de Prates. Mas se não concorrer, a chance dele voltar aumenta. Sua atuação legislativa, a exemplo de outros colegas, foi fraca apesar de ter apresentado vários projetos. Porém, a maioria deles parece ter sido retirada da Internet, copiado de outras Câmaras. Se a palavra de ordem na próxima eleição, renovação, for levada à risca pelos eleitores, Prates poderá estar na corda bamba já que seu discurso é ultrapassado e suas práticas ídem, sem falar no visual "Milionário e José Rico", extremamente retrô. Viu, só? Araponga também é fashion. Mas, enfim, Sérgio Prates se reelege? Depende da nominata do PSDB.


Sandro Palma- PTB- Veja como são as coisas, o vereador-fenômeno de 2004 que entrou para a história como o mais votado, pode estar dando adeus ao legislativo, em uma ou outra situação. Palma tem dito que pretende concorrer a prefeito o que, nesse caso, lhe colocaria fora da disputa para continuar na Câmara. Se ele vai ou não concorrer pelo PTB ou coligado com outros partidos, não se sabe, mas ele afirma que vai a prefeito. No caso de tentar um terceiro mandato, as coisas se complicam para Sandro Palma, que deixou o PMDB para fundar o PTB. Assim como o PPS de Quinho, o PTB de Sandro Palma é desses partidos de uma estrela só, dificultando alcançar o quociente de votos necessários para se reeleger. Mesmo que Palma mantivesse os 2.156 votos que obteve na última eleição, pelo PMDB, no seu partido atual o PTB, ele ficaria entre os suplentes (considerando que sejam 10 ou mesmo 13 as vagas para o legislativo). Outros fatores a serem considerados: Sandro descumpriu uma acordo com o PP para manter-se na presidência e, após, se licenciando para tratar da saúde. Sua postura mostrou, ao mesmo tempo, fibra, por ter enfrentado o PP e anti-ética, por não ter mantido a palavra. É certo que, se não fosse por isso, nem Quinho, Diniz Cogo ou Nelson Abreu teriam chegado à presidência e a oposição não teria sido valorizada. Talvez Palma faça disso uma moeda de troca para conseguir a vice ou algum cargo de secretário numa eventual vitória oposicionista na prefeitura. Mas, considerando suas chances para a vereança, como se falou anteriormente, elas surgem tímidas, ainda mais por ter atraído a antipatia de eleitores, descontentes pela exploração midiática que ele deu a sua própria doença. Se tiver de apostar, diria que Sandro Palma não se reelege para vereador. Pelo menos, não na atual situação do PTB.

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